O amor é a capacidade de se unir ao outro, de se entregar tão completamente, tão inteiramente e tão despojadamente que um e outro tornam-se um só ser. A unidade surge do amor, quando duas pessoas se predispõem a juntar seus anseios, seus desejos, seus planos, seus medos, suas dores, seus defeitos, suas potencialidades, suas alegrias, suas conquistas e derrotas e todas as demais particularidades - externas e internas - de si mesmas para, desta forma, serem uma só. Mas, apesar dessa entrega e união total, apesar de, subjetivamente falando, tornarem-se uma só, continuam sendo sobretudo elas mesmas, reconhecendo e respeitando a sua individualidade, a sua indivisibilidade; percebendo exatamente os seus limites sem perder de vista, jamais, a individualidade do outro.
Certamente, não é muito fácil sermos um e sermos dois ao mesmo tempo. Mas esta é a magia que o amor promove na vida das pessoas que estão dispostas a vivê-lo intensamente. Isso não significa que os medos e as dúvidas vão desaparecer ou se diluir pela força do amor. Esses são sentimentos que fazem parte da condição humana. O medo e a dúvida fazem parte do processo, de qualquer processo, de qualquer escolha, de qualquer comprometimento que fizermos ao longo de nossas vidas. Mas podem se tornar menores que o amor quando reconhecemos que os sentimos e, principalmente, quando podemos compartilhá-los com a pessoa amada.
É exatamente no momento em que conseguimos falar sobre nosso medo, expor nossas dúvidas e admitir nossas limitações que nos tornamos um só! Não há um momento predeterminado ou especial para nos tornarmos um só. No amor, devemos nos unir com o outro sempre, todos os dias, a todo momento. Nós nos tornamos um só no instante em que respeitamos a opinião do outro (mesmo sendo diferente da nossa); no exato momento em que perdoamos um erro do outro, quando enxergamos uma qualidade e, sobretudo, expressamos essa percepção; são nos pequenos detalhes, nos menores gestos que nos tornamos um só, que nos unimos ao ser do outro com tal consciência e tanto amor que ainda somos nós mesmos, mas de uma forma mais inteira, mais forte, mais válida.
Talvez seja precisamente neste ponto que possamos falar sobre a tão famosa expressão alma gêmea. Estou me referindo à nossa metade. Se temos uma metade que deve nos completar, significa que, em princípio, somos somente a metade do que podemos ser. No momento em que nos entregamos ao outro e unimos nossa metade com a metade que ele também é, finalmente podemos ser inteiros, totais. É neste momento que a força do amor ganha sentido e proporção, fazendo-nos compreender que é somente por meio desse sentimento que podemos nos tornar 100%, unidos com a metade que nos faltava.
É por isso que acredito que o amor é o melhor caminho para a evolução. Não é fácil. Poeticamente falando, o amor é raro, é difícil, exige demais! Mas é sobretudo inestimavelmente valioso. Acredite: é compreensível que muitos desistam do amor intenso, do amor total. É compreensível que a maioria de nós passe boa parte da vida vivendo o amor com tantas ressalvas, com tantos senão e depende. Mas é preciso que não desistamos. Quando vivemos o amor da melhor maneira que podemos, conseguimos atingir o nosso máximo e descobrir que a nossa capacidade pode ser ampliada, pode ser maximizada.
Creio que a experiência do amor total seja absolutamente humana, repleta de imperfeições e recomeços, mas creio também que basta acreditarmos na existência do amor pleno para que ele comece a existir. Basta que tentemos, genuinamente, nos entregar inteiramente ao outro, confiando, sendo verdadeiros, apostando e investindo na felicidade que se cria e recria um dia após o outro para que o amor aconteça em toda a sua plenitude.
Convido você, então, a compartilhar comigo a maravilhosa experiência que pode ser o amor!
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